segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Restauração




As pessoas gostam de enumerar quase tudo, tanto suas conquistas e não menos seus insucessos, tudo parece girar em torno de quanto tenho, quanto devo, quanto posso, quanto custa, quanto demora, quanto é, quanto foi, quanto será? Presente, passado e futuro são contados na linha do tempo de seus dias, enumerados de bons e maus resultados, em somas disto ou daquilo. Jesus não tinha muito tempo para pensar sobre quanto Ele deveria fazer as mesmas coisas, ou quanto lhe custaria fazê-las, ou sobre quantos perdões Ele teria que liberar. Jesus tinha uma urgência e Ele estava aqui para atendê-la, não importa quantas vezes Ele tivesse que dizer: "Perdoados lhe são os seus pecados, ou vá  e não  peques mais... " Certa vez Ele disse: " A quem mais perdoou, mais amou" pensava eu que cabia a esta afirmativa a seguinte interpretação: A quem se perdoa mais é porque se ama mais. Talvez isto também se aplique. Mas lendo com um pouco mais de atenção percebi que na verdade a intensidade ao "mais amou" é  decorrente de uma ação: "mais perdoou" ou seja: não existiria o "mais amou sem o mais perdoou" Uma ação repetitiva, que gerou uma outra ação, que se intensifica decorrente da anterior. Logo, o que Jesus afirmou na verdade, é que quanto mais perdôo alguém, mais amor é gerado em seu coração. Quanto menos perdôo a alguém, menos amor esta pessoa me têm. Ou seja, a existência do amor em nossos corações é como que um fogo que precisa de um combustível: Perdão! Quanto mais perdão, mais amor é gerado, mais vida dentro de nós, e por que mais vida? Porque o perdão ou o não perdão é uma atitude do coração. Jesus disse certa vez: "Uma pessoa boa produz do bom tesouro do seu coração o bem, assim como a pessoa má, produz toda a sorte de coisas ruins a partir do mal que está em seu íntimo, pois a boca fala do que está repleto o coração. Lucas 6:45. O coração é o órgão responsável por bombardear a vida dentro do nosso corpo:o sangue. É  por isso que Deus nos adverte em Provérbios 4:23 "Acima de tudo o que se deve preservar, guarda o íntimo da razão, pois é da disposição do coração que depende toda a tua vida". Uma vida sem perdão significa então uma vida pobre de amor. Quando não perdoamos alguém, estamos condenando esta pesssoa a uma vida rasa de afeto. E privamo-la de crescer em amor enquanto nos refugiamos em nossa proteção, negamos a ela a oportunidade de nos amar. Achamos em nossa ignorância que a estamos privando do nosso amor. Enganamo-nos. Na verdade a estamos privando de amar-nos. Não seria por isto que Jesus disse ao estar na cruz: Pai perdoa-os! Jesus sabia por onde caminha a via do amor. Mas então em nossa lógica diríamos: "mas eles nem estavam arrependidos" sim eles ainda não estavam, mas Jesus dizia com isso: o caminho do arrependimento está aberto e eles me amarão! Gostamos de receber presentes, Jesus porém gostava de dar. Deus trabalha para dar, nos trabalhamos para receber. E porque será que trabalhamos tanto e parece que nossa necessidade é  sempre crescente? Esperamos receber, e ficamos preocupados se temos muito a pagar. E no entanto, já somos devedores em potencial: do perdão que não damos, do amor que abortamos, da pobreza que condenamos. Queremos ser ricos com uma alma pobre. Investimentos mal, temos carregado um saquitel furado. Queremos sacar o que não depositamos e ficamos tristes com o extrato de nossas vidas. Queremos antes fazer as somas, nos questionamos e analisamos se não merecíamos mais, e todavia negamos esse "mais" quando ele se apresenta como: "ande um pouco mais", "dê mais, " oferece-lhe mais". Não sabemos que a lógica de Deus contraria nossas razões matemáticas? E então deixamos escapar a oportunidade de experimentarmos o melhor vinho, reservado para o fim da festa que talvez nem aconteca, já que estamos sufocados com os nossos: "quantos e tantos". Quantos perdões ainda tenho que liberar? E tantos... iguais ou diferentes!? Justificamos-nos: Talvez eu não tenha mais vinho para oferecer já que não reservei água para o milagre, já que eu também tenho minhas necessidades que  são prioridade, eu preciso saciar minha sede e não entendo porque bebo todo dia e ela não passa... E nunca vai passar, enquanto não  aprendermos a liberar a fonte: Perdão!
Precisamos do amor que não quisemos receber, quando negamos a oportunidade dele crescer, e lhe negamos a água de que também precisamos para viver. Cavamos para nós cisternas rotas e morremos de sede, isto, além de nos expormos aos perigo de ficarmos encarcerados nela, quando como tomaram a José e a Jeremias e os lançaram numa cisterna seca. Pois para isto é que servem as cisternas rotas (que não retem água), "corações que não retem amor". Somos essa terra que clama a cada dia: "Me molha, me lava, me ensina, me inspira e arde outra vez no meu coração.  Me molha, me lava, me ensina, me inspira e arde outra vez no meu coração com fogo, com fogo!  Me molha, me lava, me ensina, me inspira Deus!  E arde outra vez no meu coração!"
Que possamos estar como diz o fim desta canção: "de braços abertos" à oportunidade do "...mais amou" sempre que ela vier pedindo: Dai-me de beber!



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