
O conformismo é uma armadilha
da mente humana que aprisiona as pessoas, inclusive aqueles que têm grande
potencial. Também conhecida como síndrome da psicoadpatação aprisiona o
processo da leitura da memória levando-nos a pensar e nos comportar sempre da
mesa maneira.
Qualquer mudança é um sacrifício. As pessoas nas garras dessa
síndrome creem na tese insana e infantil de que pau que nasce torno morre
torto.
Sentem que são programadas para serem infelizes. Acreditam em sorte e
azar, são doentiamente supersticiosas. Creem que são assim e morrerão assim.
Uma personalidade conformista morrerá com seus defeitos. Uma personalidade
inconformada terá subsídios intelectuais para mudar seu destino. Não há pessoas
de sucesso ou fracasso, mas pessoas que fecharam ou se abriram o circuito de
sua memória. Muitos casais passam mundos e fundos para ficar um com o outro no
início da relação. Enfrentam tempestades, frio, crises financeiras, maus humos
dos parentes, diferenças de personalidade. Parece que nada detém as lavaredas
do amor. Mas, com o passar do tempo, os amantes vão se psicoadaptando um ao
outro, já não brincam mais, já não são tolerantes, flexíveis, criativos.
Engessam suas mentes, não tem a mesma disposição de enfrentar os invernos da
vida , para dar um beijo, para trocar um olhar e sentir o calor do corpo um do
outro. Tornam-se escravos da rotina. Tornaram-se idosos emocionalmente.
Envelheceram precocemente o amor. Um casal pode ter cinco anos de
relacionamento, mas cem anos de idade afetiva. Muitos casais que vão a
restaurantes, cinemas, festas estão num asilo emocional. Só se motivam quando
tem algo novo para fazer. A.T. era um jovem apaixonado, inventivo, prestativo, um
gentleman . Gostava de viajar, brincar, se aventurar com a mulher que escolheu
para viver. Casou-se e parecia que a relação seria um eterno jardim, mas pouco
depois começou a mergulhar no tédio. Ficava cada vez mais afundado no sofá
diante de uma TV. Depois de dez anos parecia um ser humano em estado terminal.
Vivia uma mesmice sem fim. Não elogiava a esposa, não comentava, nem perguntava
nada sobre ela, era um túmulo. Fez voto de silencio mesmo não sendo um
religioso. Estava enterrado no banco endividado permanecia. Conformista, não se
reinventava como profissional para criar, impactar pessoas e aproveitar as
oportunidades para ter um lugar melhor ao sol. O mundo podia estar caindo ao
seu redor , mas ele simplesmente não reagia. Era tão egoísta que, mesmo sabendo
que sua relação estava falida, não tomava qualquer atitude. Bastava ter o
controle da TV a cabo que estava tudo certo. Até que a esposa bradou: “Socorro,
casei como um monge!” Foi assim que me procurou. Ele achava que nunca perderia
a esposa. Pedi que ela mudasse seus estilo de vida. Saísse com as amigas,
visitasse os pais e irmãs, fosse a algumas festas, enfim, não se enterrasse
junto com ele. Um mês depois o conformista entrou em crise, percebeu que tinha
de investir em quem amava, caso contrário a perderia. Passado o susto, ele me
procurou e lhe falei sobre o cárcere da síndrome da psicoadaptação. Ele
entendeu que por detrás de seu conformismo havia uma pessoa profundamente
egoísta. Assim, o ajudei a se reinventar, não apenas como parceiro, mas também
como profissional. Reitero: Uma pessoa conformista fere profundamente seu
parceiro sem usar objeto cortante, asfixia o parceiro sem tirar o seu oxigênio.
Uma relação saudável, profunda e feliz precisa de superação das manias, da
timidez, rigidez, fobias, mesmice, precisa ainda de doses de aventura e sonho.
O conformista primeiramente é um algoz de si e depois de quem ama.
Texto
extraído do livro “As regras de ouro dos casais saudáveis!, de Augusto Cury,
editora Academia.
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